Rio Paraitinga
Seção experiências pedagógicas
Passeio à beira Rio
É comum a EMEI João Batista Cardoso levar seus alunos de ensino infantil aos passeios na beira do Rio Paraitinga para as crianças se familiarizarem com o espaço geográfico do entorno da escola e conhecer a biodiversidade local. Em sala de aula, os professores desenvolvem diversas atividades sobre a água e temas correlatos de forma lúdica e interdisciplinar: desenhos e pinturas, colagens, contação de histórias, experiências de plantio de semente ou mudas para o acompanhamento, cuidado de plantas e flores, observação dos polinizadores, criação de rios e peixes através de panos e cartolinas, pescarias através de brincadeiras, músicas e cantos sobre a água, brincadeiras, teatro, enfim, um universo rico de atividades pedagógicas que estimulam o processo de ensino e aprendizado e a pré-alfabetização através da sensibilização ambiental.
O professor Adilson Barbosa gosta de propor um passeio com as crianças à beira Rio Paraitinga para observarem a cor e o volume de suas águas, o volume e a força de sua correnteza, a mata ciliar presente em suas margens, as espécies de árvores, plantas e bichos que encontram pelo caminho, a paisagem e os morros. As crianças são orientadas a perceberem o clima, a estação do ano, a reconhecerem e se apropriarem dos espaços públicos da cidade. Para terminar o passeio, as crianças alimentam os peixes na beira do rio com pão duro e se divertem ao perceberem a quantidade de peixes e espécies que moram no rio. Das amoreiras que encontraram pelo caminho e degustaram seus frutos, coletaram as que ficavam sobre o solo, produziram tinta caseira e belas obras de artes na escola.
Sobre as águas do Rio Paraitinga
As professoras Patrícia Castro e Ana Santos, da EMEF Coronel Domingues de Castro, desenvolveram um projeto em comum com seus alunos de 4° e 5° anos com foco no estudo sobre a água. Depois de estudar com seus alunos em sala de aula sobre os estados físicos da água e a importância da água e cuidado do Rio Paraitinga, elas convidaram como parceiro Alexandre Medeiros, um profissional da SABESP, para ministrar uma palestra aos alunos sobre como a companhia de saneamento coleta e trata a água na cidade de São Luiz do Paraitinga. O objetivo das professoras era que os alunos compreendessem que a água utilizada no dia a dia de todas as casas da cidade vem justamente do Rio Paraitinga, que corta a cidade e faz parte do cotidiano das crianças.
Para dar sequência didática sobre o tema, houve contato com a Companhia de Rafting Montana para que um passeio com os alunos sobre as águas do Rio Paraitinga fosse conduzido. Antes da saída, os alunos realizaram em sala de aula pesquisa sobre o uso de botes e as práticas de esportes envolvidas nessa modalidade. Também foram sensibilizados sobre a importância e o privilégio de poderem olhar e conhecer o rio navegando por ele. As professoras levantaram algumas questões com os alunos e criaram um roteiro de observação para a saída, a reparar nos seguintes pontos: as características do rio como cor, profundidade, largura, fluidez e cheiro; as características do entorno, presença ou não de mata ciliar, os muros de contenção feitos pós-enchente e presença de lixo; as sensações de clima e diferenças de paisagens.
No dia da atividade de floating, em que os botes flutuam pela água, professoras e alunos foram até o Camping Bicho D´Água, sede da companhia de Rafting, localizado no Bairro do Rio Acima. Ao serem recebidos, os alunos estavam entusiasmados e interessados. Foram orientados sobre os cuidados necessários nesse tipo de esporte e fizeram as perguntas necessárias. Após a conversa, os monitores colocaram os coletes de segurança no grupo e partiram para a descida do rio até o Bairro Verde Perto.
Durante o percurso, houve pausas estratégicas para a observação. Os jovens monitores da Montana, que já foram alunos da Escola Coronel, contaram algumas histórias do Rio Paraitinga como, por exemplo, a extração de areia do leito do rio e seus impactos ambientais. Ao passarem pela SABESP os alunos viram as bombas que retiram a água a ser processada na Estação de Tratamento de Água (ETA). Os estudantes chamaram a atenção uns dos outros sobre suas observações e questionamentos durante o trajeto. Perceberam que o rio era mais raso em alguns locais, observaram que os quintais são usados para plantar, que os encanamentos de água de chuva caem direto no rio. Atentaram, ainda, para as sacolas de lixo boiando na água e trocaram ideias sobre os pontos levantados pelo roteiro produzido em sala de aula.
Um dia após a vivência, professoras e alunos se reuniram no pátio da escola e compartilharam, em uma grande roda de conversa, as sensações e conhecimentos suscitados pela experiência. Os alunos fizeram um pequeno registro da saída em seus cadernos e responderam a algumas perguntas.
Volta da Cachoeira
A trilha Volta da Cachoeira está localizada na margem esquerda do rio Paraitinga, em um trecho urbano entre o centro e o Bairro Várzea dos Passarinhos. A entrada da trilha está ao lado da Estação Elevatória de Esgoto Central da SABESP, e mais adiante, passando por um trecho de mata em regeneração, está o acesso à beira do rio onde é possível observar a Volta da Cachoeira, sobre uma pedra que serve como mirante.
Há alguns anos o professor de Geografia João Bosco realiza um trabalho de plantio de mudas de árvores na trilha que dá acesso à Volta da Cachoeira, no trecho da Várzea dos Passarinhos, enriquecendo porções de mata ciliar no bairro. Junto aos companheiros de trabalho que desenvolvem ações voluntárias pela cidade, como o professor Giovani Lindo dos Santos, Chicão Colombano, Seu Paiva e Pinho, João Bosco criou o projeto “Lixo na Lixeira: Reduza, Recicle, Reaproveite”, por meio do qual lixeiras foram espalhadas em diversos pontos da cidade.
Essa iniciativa nasceu a partir do incômodo do professor em ver a quantidade de plástico jogado nos espaços públicos. Ao sair coletando resíduos sólidos que encontrava pelo caminho, se percebeu como um agente transformador da realidade e decidiu envolver seus alunos em intervenções como estas e incentivar a temática da reciclagem de resíduos sólidos nas escolas em que atua em São Luiz.
Junto às colegas e professoras Luciana Castro, de Ciências, e Alessandra Castro, de Português, da Escola Waldemar Rodrigues, criou um projeto interdisciplinar em Estudo do Meio para o 9° ano, em que os alunos realizaram um percurso a pé da escola para a Várzea dos Passarinhos, passando pela Volta da Cachoeira, para observar e registrar com desenhos, fotos ou textos, situações, assuntos e temas que considerem interessantes ou que foram orientados em sala de aula em estudo prévio.
Segundo a professora Luciana Castro, a Volta da Cachoeira era considerada um local mal assombrado por conta da lenda da “Porca e seus Sete Leitões” – há quem diga que foi lá que nasceram os sete leitõezinhos. A trilha é um percurso de desafio para os alunos, que exercitam o caminhar em diferentes relevos e entram em contato com os sons, cheiros, texturas e diferentes espécies de animais e vegetais.
Além de ser uma opção metodológica para desenvolver o aluno e enriquecer o trabalho do professor, as saídas a campo para o estudo do meio fortalece o vínculo afetivo entre os envolvidos e suas relações interpessoais, elementos importantes para a qualidade do ensino e da aprendizagem.
Reduza, Recicle, Reaproveite
Reduza, recicle, reaproveite!
Seja mais consciente
Cuide do meio ambiente
Um, dois, três!
Quatro, cinco, seis!
O lixo reduzir
Pro mundo não falir!
Autor da letra: Prof. Giovani Lindo dos Santos
Música: Prof. João Bosco
Alfabetização temática
A professora Vanessa Aparecida dos Santos desenvolveu uma experiência de alfabetização com uma turma de 5º ano da EMEF Joaquim Ribeiro de Almeida que vale a pena ser contada e replicada. A proposta surgiu quando a diretora da Unidade Escolar sugeriu que cada turma desenvolvesse um trabalho anual sobre uma temática ambiental.
Para definir o tema, a professora realizou algumas rodas de conversas com seus alunos e percebeu que a questão do lixo era um problema visível, real e urgente a ser abordado, pois através dos relatos levantou a informação que as famílias não davam destino correto aos resíduos sólidos, já que a maior parte era queimada no próprio quintal de suas casas. Vanessa apostou que a temática sobre resíduos sólidos seria capaz de fazer com que seus alunos refletissem sobre a necessidade de consumo, transformassem seus hábitos e fossem disseminadores das ideias aprendidas na escola para toda a comunidade.
Com a temática estabelecida, passou a alfabetizar seus alunos com atividades referentes ao assunto. Trabalhou de forma lúdica a leitura de diversos gêneros textuais, ensinou músicas e brincadeiras, passou vídeos educativos, criou debates, montou cartazes e listas de palavras, realizou caminhadas ao redor da escola para recolher o “lixo” e propôs dramatizações. Aos poucos, os alunos avançavam em suas hipóteses de escrita e leitura, mas a mudança de comportamento ainda estava a desejar.
A professora percebeu que seria necessário realizar uma prática que envolvesse os alunos para que aprendessem através de suas próprias atitudes e lançou um desafio: recolher a maior quantidade possível de resíduos sólidos e reverter esse material - que iria para o aterro sanitário - em dinheiro para irem ao cinema no final do ano. Todos os alunos se empolgaram e se comprometeram com a ação.
A equipe gestora foi de extrema importância neste momento do projeto, pois era necessário aproximar as famílias da escola de forma a contribuírem com a iniciativa. Em uma reunião de pais e mestres a professora contou sobre o projeto e as famílias logo se prontificaram a participar.
Foram estabelecidos dois dias da semana para os alunos levarem o material recolhido em casa (plástico, alumínio, papel) para a escola, todos devidamente limpos e secos. Em sala de aula, era feita a contagem de cada tipo de material reciclável e posteriormente tabelas e gráficos eram construídos com toda a turma para análise de algumas informações pertinentes: que tipo de material foi mais recolhido durante a semana? Quanto a mais em relação à semana anterior? Qual a diferença entre as quantidades? Esse processo se estendeu ao longo do segundo semestre, permeado por discussões como compostagem, consumo consciente e os 5Rs.
Todo o material arrecadado foi vendido para um senhor que recolhia a reciclagem em São Luiz e dessa forma levantou-se parte do dinheiro necessário para a ida ao cinema, incluindo a alimentação. Com o dinheiro em mãos, outras atividades pedagógicas foram desenvolvidas em sala de aula, envolvendo o conteúdo referente ao sistema monetário: reconhecimento e comparação de cédulas, moedas, situações onde deveriam identificar o valor arrecadado, quanto ainda faltava, qual o valor da entrada do cinema, o valor da alimentação por pessoa etc.
E assim aconteceu. Chegou o momento de ir ao cinema. Parte dos alunos nunca havia ido ao cinema. O filme infantil que estava em cartaz na época era “Os Smurfs”. As crianças ficaram encantadas com tudo e até mesmo no shopping observavam as lixeiras espalhadas e identificavam as cores da coleta seletiva. Por fim, como culminância do projeto, os alunos fizeram uma história em quadrinhos nomeada “Os Smurfs em: a coleta seletiva” que ficou a disposição de todos na biblioteca da escola.
Até hoje a professora reencontra esses alunos e/ou seus familiares e surge como assunto esse projeto, gravado na memória de todos os envolvidos. Vanessa ficou conhecida por muitos como “a professora do lixo” e comenta que foi uma experiência única, gratificante e motivadora, pois foi seu primeiro projeto de sensibilização e educação ambiental.
Alto do Cruzeiro e Mirante da Torre
O Mirante da Torre está localizado no ponto mais alto da zona urbana de São Luiz do Paraitinga e faz parte do projeto interdisciplinar de Estudo do Meio realizado pela EMEF Professor Waldemar Rodrigues, que tem como objetivo geral levar o aluno luizense a conhecer, valorizar, cuidar e desenvolver pertencimento por sua cidade e região.
A saída para o estudo do meio é realizada com as turmas de 7° ano e orientada pelas professora de Ciências Luciana Castro, professora de Educação Física Karina Pereira Coelho e pela professora de Português Alessandra Castro. A partir das competências e habilidades da BNCC, as professoras propõem aos seus alunos que desenvolvam o pensamento científico, crítico e criativo, a argumentação, a responsabilidade e a cidadania.
Para a saída a campo as professoras preparam um roteiro a ser preenchido durante o percurso para o mirante, orientando seus alunos sobre como desenvolver o olhar para a pesquisa de um local que aparentemente conhecem, como realizar levantamento de informações, como produzir conhecimentos através da observação e realizar boas perguntas. Antes da saída, a professora de Educação Física apresenta uma dinâmica aos alunos que tem o objetivo de renomear objetos e lugares que já conhecem com o intuito de estimular a sensibilidade de um novo olhar sobre as coisas e lugares.
Durante a caminhada, o grupo parou em lugares estratégicos para conversar sobre pontos do roteiro, como a Praça do Cruzeiro, onde os alunos compartilharam suas observações até ali: a relação da comunidade com o lixo, a acessibilidade, a mudança de paisagem modificada pelo homem, a relação da comunidade com os animais abandonados, os espaços de lazer, a presença de árvores etc. Na chegada ao mirante, os alunos fizeram um lanche e em seguida completaram as questões levantadas pelo roteiro.